terça-feira, 27 de novembro de 2012

Minha caminhada


Desde que me conheço por gente fui gordinha. Tudo bem, tive um período da infância em que não o era, mas só até uns 8, 9 anos, depois disso, foi só ladeira abaixo. 

Logo, desde o milênio passado me incomodo razoavelmente com este fato, talvez por convenção social (e todos aqueles blábláblás de gordinhas sobre a relevância extremada do corpo no século XX e XXI), talvez porque eu tenha bom senso e veja que todas as roupas que coloco, desde 1994, não ficam boas como poderiam ficar.

Quando era mais nova, nem ligava muito. Para dizer a verdade, me importava muito mais com o fato de que a locadora do bairro na qual alugava todos os filmes do Snoopy fechara. Mas com o tempo vi que era milhares de vezes mais fácil comprar quantas fitas do Snoopy quisesse do que emagrecer 5 quilos em uma semana.

Comecei a ver o quão difícil era emagrecer mais ou menos com uns 13 anos. Porque a adolescência é uma merda, sabe? É a época em que decidimos parar de usar qualquer tipo de calça de moletom em público e começar a usar sutiã em todos os momentos de nossa vida, salvo no banho e durante o sexo. Quer dizer, durante o sexo eu aprendi bem depois, mas isso não vem ao caso agora. 

Em torno de uns 14 anos, encasquetei que iria morrer solteira e BV porque estava gordinha e, de boa, quem era o louco que iria beijar uma gordinha? Ou seja, para atrair os olhares masculinos, decidi fazer regime! Emagreci, não o suficiente para ser a menina mais cobiçada nas festas, mas o bastante para beijar meninos bonitos. E sinceramente, nunca fui muito megalomaníaca no quesito relacionamentos: um bacana sempre foi melhor do que oito idiotas correndo atrás de mim, então legal. 

E minha adolescência passou assim: cheia de remédios para emagrecer, dietas fantásticas e malucas de treze dias ou sopas, um surto semanal de emagrecimento - no qual eu decidia correr 5 km e comer só salada todos os dias, efeito sanfona, desculpas para meus relacionamentos não darem certo... 

Até que no dia 07 de setembro de 2005 decidi que dessa vez iria emagrecer de verdade e definitivamente e assim o fiz. Tudo bem que me entupi de remédios emagrecedores (anfetaminas, sibutraminas e todos as inas que pude) e cortei um monte de comida a ponto de ter que tomar vitaminas (olha as inas ai de novo) para meu cabelo cair pouco e minhas unhas não quebrarem toda semana, mas o que importa é que emagreci muito, muito mesmo. 

Passei então o melhor ano da minha vida, magra e bonita. Fazia festas todos os finais de semana, bebia horrores (e o álcool junto com nossas amigas pílulas inas, como vocês devem saber, dava um barato super legal), pegava um monte de caras bonitinhos e tudo era lindo. Até que um dia quebrei a perna. Quebrei a perna três semanas antes de ir morar na Alemanha durante três meses. Quebrei a perna três semanas antes de ir morar na Alemanha durante três meses nos quais eu não teria acesso a nenhum remédio da família ina. 

Vocês devem imaginar como termina a história. O para sempre, sempre acaba, já diria a Cássia Eller, e o meu ultimate emagrecimento definitivo deu lugar a 20 quilos a mais desde que colocaram o gesso na minha perna (sim, ganhos apenas no tempo que morei fora). 

Comecei a namorar meu noivo e cheguei aos 88 quilos em 2009 (qualquer dia posto a bioimpedância que fiz   no mês de setembro deste ano). 

Decidi dar um basta em 2010. Vi que aquilo me fazia mal à saúde física e mental, que não estava feliz e por isso iria mudar. Logo, resolvi me organizar para fazer um regime, mas não como sempre fiz: iria aprender a comer direito, fazer exercícios e principalmente não tomaria nenhum tipo de remédio.

Não foi fácil emagrecer tanto, principalmente pelas recaídas, mas cheguei a um ponto que finalmente posso dizer que consegui. Aprendi a ponderar, fazer substituições, a balancear e há mais de 1 ano que não engordo, apenas mantenho e emagreço. 

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